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"Provesende"

Há alguns anos atrás, liga-me um amigo - “bora lá a Provesende comer o Joelhinho de Porca”...


Tá bom, pensei eu, só me faltava esta, fazer "Kilómetros" para comer ossos do raio duma porca, tá bom!!!...


Mas como gosto é de passeatas, que se lixem os ossos e bora lá...


Deparei-me com uma pequena praça, com uma igreja e meia dúzia de casas. Após alguns/vários "kilómetros" estava em Provesende.


Confesso que valeu a pena a viagem, paisagens fantásticas do Douro e aquele lugar era mesmo bonito. Estacionamos e começamos a dirigir para uma tasca típica...pensei logo...


“Até aqui altamente, o raio do joelho da porca é que não vai ser fácil”...


Estava tudo já organizado e dentro do restaurante “Papas Zaide” cheirava mesmo bem. A dona e os funcionários estavam há horas a tratar do nosso almoço.


Óptimas entradas, um vinho excelente da zona e lá vem o joelhinho...um assado, com batatas e arroz de forno.

Bem, só experimentando...as porcas têm uns joelhos que vale bem a pena comer, rechonchudos e a saber a presunto...no “Papas Zaide” então é de chorar por mais.


A partir daquele dia sempre que se fala em ir a Provesende, até me babo todo, só de pensar no joelhinho e todas as iguarias daquele restaurante.


Provesende é uma povoação muito antiga, pertencente ao Concelho de Sabrosa e ao Distrito de Vila Real.


Segundo consta o nome de Provesende surgiu da seguinte forma:


Há demasiados anos atrás, andavam por cá os mouros a chatear os tugas e tomaram posse de um castelo perto da povoação no alto de S. Domingos.


Apesar das relações com os mouros não serem assim tão más, como acontecia noutros locais na época, estes dominavam uma vasta área onde se incluía a aldeia de Provesende, nessa altura com outro nome.


Os habitantes nunca acharam muita piada a este domínio mas lá levaram com os mouros durante algum tempo. Sempre tiveram a esperança de lhes dar um pontapé no traseiro, mas não era fácil, os gajos eram mais que as mães, maus como as cobras, muito bem armados e concentravam-se naquela fortaleza onde podiam vigiar tudo e todos ao seu redor.


Um dia, como agora se diz, “passaram-se dos cornos” e perderam o medo...

Juntaram-se todos e engendraram uma investida aos mouros, castelo e tudo.

É agora ou nunca...


O dia de São Miguel Arcanjo (que derrotou no céu os espíritos rebeldes), foi o escolhido por todos, tomando-o como o seu protector nesta luta desigual contra os inimigos da cristandade.


Logo pela manhã, do tal dia de São Miguel Arcanjo, orientaram o plano, armaram-se com o que podiam e esperaram o anoitecer.


Juntando-se em pequenos grupos, para não levantar suspeitas, organizaram-se no monte junto ao castelo. Aí ficaram algumas horas, a observar as sentinelas e logo que perceberam que dormiam, avançaram sem ruído, para o assalto aos mouros.


Ajudados pelo seu Arcanjo São Miguel, conseguiram controlar os soldados de vigia, amordaçando-os e tirando-lhes as armas. Escalaram as muralhas, entraram à socapa na fortaleza e mataram todos os Mouros que não tiveram hipótese de fugir.


Entre os que conseguiram escapar, estava o rei mouro, chamado Zende, que, vendo o seu exército dizimado, procurou salvar-se, montado no seu cavalo.


Sair do castelo o rei saiu, mas por pouca sorte, acabou por ir ter a um lamaçal chamado Valverde, onde se atolou...cavalo e Zende.


Os seus perseguidores, conseguindo alcança-lo, mataram-no à pancada.


Um dos que o matou, naquelas circunstâncias tão trágicas, acabou por exclamar:

- "Pobre Zende !!!"


As pessoas da terra acharam o comentário adequado para perpetuar a vitória sobre os mouros e dai surgiu Pobrezende, actualmente Provesende.


Lenda ou não, parece que esta é a história de Provesende.


A última vez que lá estivemos, novamente no “Papas Zaide”, e mais uma vez atendidos 5 estrelas pelos donos, começamos a ouvir falar brasileiro na mesa ao lado.


"Huuummm...isto não é normal...". Cheios de lata como sempre, toca meter conversa.


Duas senhoras brasileiras, que andavam a conhecer o Porto e Norte do pais, a Liana e a Rita.


Quem éramos, quem elas eram, o porquê de ali terem ido parar, conversa e mais conversa, risos e gargalhadas e ali estivemos com elas mais de 2 horas a divertir.

Trocamos contactos do facebook e desde esse dia, mesmo à distância de um Oceano, ganhamos mais duas amigas, que nos têm acompanhado, para além dos amigos que já ali tínhamos...


Eu apenas fico a pensar...


“Quando queremos e estamos predispostos a isso, encontramos gente boa em qualquer canto do nosso País, Tugas ou não, e temos conseguido deixar amigos em qualquer um destes lugares...

É Gratificante...

Obrigado Liana, obrigado Rita, obrigado “Papas Zaide”, pela amizade e por sermos sempre tão bem recebidos...”


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