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"Vila Praia de Âncora" - O Nome e A Lenda do Âncora

Mas que raio, nesta altura só haviam histórias de Princesas, Rainhas ou mulheres bonitas e Mouros ou Árabes metidos pelo meio...mas enfim...assim reza a Lenda...


Tudo se passou provavelmente no século X, tendo como intervenientes principais o rei Ramiro II de Ledo, sua mulher D. Urraca e Alboazar Albucadão, Rei Mouro de Gaia.


Pois é, Gaia teve um Rei Mouro...continuando...


Esta história iniciou-se quando o rei Ramiro II ouviu falar da beleza e gentileza de uma irmã de Alboazar.


Lá digo eu, tanta mulher Portuguesa bonita e o homem manda-se para uma Moura...Ganda otário...


Alboazar era o senhor da terra compreendida entre Gaia e Santarém, e manteve diversas guerras com os cristãos especialmente os de D. Ramiro.

Apesar disso, D. Ramiro cego com a beleza da moura tentou fazer as pazes com o Rei Mouro para conhecer a distinta miúda.


Após vários contactos entre emissários, o Rei cristão, deslocou-se a Gaia na companhia de alguns fidalgos da sua corte em três gales.


Depois das cerimonias de recepção e extasiado pela beleza da irmã de Alboazar pediu a este que lha desse, a faria cristã e casaria com ela.


0 rei mouro disse-lhe que ele tinha mulher e filhos e na religião professada por ele, D. Ramiro, não lhe era permitido casar duas vezes.


D. Ramiro admite o caso mas como D. Urraca, sua mulher, era sua parente, a Santa Igreja separá-los-ia facilmente.


Alboazar retorquiu que não lhe daria a irmã nem em troca de todo o seu reino até porque ela já estava prometida ao rei de Marrocos (tipo ciganos digo eu).


D. Ramiro ficou humilhado mas não insistiu, demonstrou que o seu interesse se tinha dissipado, mas na noite de véspera da largada, rapta a moura levando-a para uma das galés.


Ganda maluco...continuando...


Detectando a falta da irmã, Alboazar logo compreendeu o ocorrido e correu para o ancoradouro para reave-Ia. A luta entre católicos e mouros foi feroz, mas favorável a D. Ramiro, que a levou para Ledo e a baptizou com o nome de Artiga.


O Rei Mouro ficou a ver navios...


Sentindo-se ofendido e desonrado, pensou na melhor maneira de se vingar.


Logo que as condições se propiciaram passou à acção, pois teve conhecimento que a rainha D. Urraca, mulher de D. Ramiro, se encontrava em determinada povoação. Preparou suas embarcações e partiu para essa localidade, camuflando-se, e raptando a rainha e suas donzelas, regressou a Gaia.


Quando informaram o rei do desaparecimento da rainha, este ficou meio demente, durante uns tempos, mas logo que se recuperou começou a pensar no plano de resgate.


Parece que o D. Ramiro queria ficar com as duas...a Moura e a D. Urraca...


Nesse momento em que pensava o que fazer, convocou seu filho Ordonho e outros vassalos explicando-lhes vagamente o pretendido e, depois de prepararem as gales, rumaram de novo ate Gaia.


Próximo de. S. João de Furado (S. João da Foz) camuflaram os barcos e, lentamente, entraram na barra e navegaram junto à margem arborizada ate ao local mais conveniente e aí se mantiveram escondidos e silenciosos. Quando D. Ramiro pensou ser a altura adequada desembarcam e deu as suas últimas instruções:


- O infante Ordonho ficaria a chefiar o grupo na sua ausência e deveriam manter-se escondidos entre o arvoredo e só dali sairiam quando ele lhes fizesse soar o seu corno de caça e teriam de o fazer com rapidez.


Vestiu-se de mendigo e debaixo da roupa escondeu a espada, couraça e o corno e foi ate junto de uma fonte localizada sob o castelo de Gaia. Aí iria esperar uma mulher que o iria aconselhar da maneira de se apoderar da fortaleza e de todos os seus senhores.


As coisas não correram tão bem como pensou, pois Alboazar e alguns dos seus súbditos andavam à caça.

Pela manhã uma serva da rainha, sua mulher,foi à fonte, como era hábito, buscar água para lavar as mãos. Viu ali um pedinte, que não reconheceu. Em árabe pediu-lhe um pouco de água para beber pois não se podia levantar.


A jovem enche o recipiente que trazia e deu-o ao pedinte para beber.

D. Ramiro mete na boca metade de uma pedra preciosa e ao beber a água deixa-a cair dentro do vaso.


A criada enche-o novamente e leva-o a D. Urraca. Esta ao utilizar a água vê a pedra e logo a reconhece pois a outra metade estava na sua posse. A rainha chama a serva e pergunta-lhe quem encontrou no caminho, e disse que ninguém, mas perante a insistência da rainha, informou-lhe que deu de beber a um mouro doente que lhe pediu. Esta ordenou-lhe para o ir procurar e o trouxesse.


Como o Rei continuava junto a fonte, a criada disse-lhe que D. Urraca o mandava chamar pois iria mandar curar suas feridas e seguiu-a ate ao palácio.


Perante a rainha, esta reconheceu-o logo e perguntou-lhe, o que o trazia por ali? Respondeu: "O vosso amor". Esta disse¬lhe que não pois ele prezava mais Artiga (a Moura) do que a ela.

De seguida disse-lhe para ir para uma sala contigua e fechou-lhe a porta.


Logo que Alboazar chegou da caça foi ver D. Urraca e esta perguntou-lhe: "Se encontrasses o rei Ramiro que lhe farias?

Ele de imediato diz, "o que ele me faria a mim: - matá-lo!" De seguida informa-o que o tinha fechado na sala próxima e que se podia vingar dele.


Ao ouvir a conversa o rei Ramiro percebeu que só sairia dali com vida se utilizasse toda a sua artimanha.

E assim em voz alta e para que o mouro ouvisse, disse:

- Sei que errei raptando tua Irmã, mas confessei-me ao meu abade deste pecado e ele ordenou-me que, como penitência, me apresentasse perante ti, para que me matasses perante toda a sua família, a quem desonrei.

Acrescentou mais, que a sua morte deveria ser pública para a sua desonra e para isso deveria fazer soar o seu corno até não mais poder, para que as gentes mouras tenham conhecimento do seu arrependimento e assim se possa salvar.


0 toque que pretendia fazer era o sinal combinado para que os seus, que estavam no rio, actuassem com rapidez.


Alboazar comentou com a rainha crista que D. Ramiro estava mesmo arrependido do seu pecado, pois ele tinha errado e mal seria se o matasse pois até se tinha posto a sua disposição.


D. Urraca alerta o mouro do espírito vingativo e astúcia de Ramiro e duma série de actos que tinha prepetado, acrescentando:

- Se não o matas agora não vais escapar de morrer nas suas mãos.


Depois de meditar Alboazar decide mandar reunir toda a sua gente e transmite a Ramiro que tinha feito uma grande loucura e que iria fazer cumprir o que podia para a salvação da sua alma.


Ordenou que o levassem para o centro da praça e tocasse o corno ate expirar.


Para que seu ardil desse os resultados esperados D. Ramiro faz o seu último pedido ao mouro que era:

- estarem presentes na sua morte toda a corte e a rainha.


Levado entretanto para a Praça, D. Ramiro começa a tocar o corno com todo o seu fôlego para que D. Ordonho e seus vassalos o ouvissem bem.


O infante ocorreu rapidamente e entrou pela porta que dava para a praça que estava aberta.

Vendo o filho no meio dos assistentes vai ate junto dele e diz-lhe que as acompanhantes da mãe e dela própria não sofram, pois especialmente ela merece outro tipo de morte.


Repentinamente D. Ramiro desembainha a espada que tinha escondida e desfere em Alboazar um golpe mortal e na luta que se segue a família do rei mouro também é sacrificada e a fortaleza quase desfeita.


Logo que a batalha conclui o rei leva para as galés a rainha e suas acompanhantes e tesouros pilhados.


Junto ao embarcadouro, D. Ramiro, narra a seu filho e vassalos o procedimento da Rainha e todos ficaram pasmados de tanta maldade.


D. Ordonho diz ao pai que D. Urraca é a sua mãe mas que faça o que deva pela sua honra.


De seguida entram nas embarcações e navegam para Norte.


Nas proximidades de Montedor avisaram D. Ramiro que a rainha chorava e decidiu ir vê-la e perguntou-lhe porque chorava e ela diz-lhe pelo mouro Alboazar que era bem melhor que ele.


0 infante D. Ordonho e filho de D. Urraca exclamou que aquilo era o demónio e que ainda fugiria.


Temendo o que o filho dizia o rei mandou amarrar ao pescoço da Rainha Urraca uma âncora e atirou-a ao mar em frente a foz dum rio num local que tomou o nome de Âncora.


Lenda ou não parece que esta é a história que deu nome a Vila praia de Âncora...penso que até hoje ninguém encontrou a rainha...e o D. Ramiro lá ficou com a Moura com tanta mulher bonita Portuguesa :)


Agradecimentos à Junta de freguesia de Vila Praia de Âncora

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